Na esperança de vos inspirar a ler ainda mais partilho um novo conjunto de livros recomendados por alguns dos membro do Clube de Leitura d’ A Biblioterapeuta, no encontro que aconteceu em Setembro:
AS MIL E UMA NOITES

“Achei muito interessante por não pertencer à nossa cultura. A maior parte das coisas que eu leio acabam por ser da cultura ocidental mas este livro, além de se passar mais nos séculos XVII e XVIII é, ainda por cima, de uma cultura que também já não é aquela que nós conhecemos hoje. E fiquei admirada por se falar muito em sexo e traição. As mulheres são vistas como o grande demónio, que roubam e desencaminham os homens. Têm todas um papel muito intenso e poderoso, são temidas e achei que havia um paralelismo com o que se passa hoje em dia, em que é necessário que as mulheres ganhem força.” | Sofia B.
A MULHER–CASA, de Tânia Ganho

“Toca particularmente em duas coisas: o papel da mulher e o desequilíbrio que existe ao nível dos papéis e do respeito no casal. Muitas vezes, quando um homem tem um contributo económico muito maior para a família, as mulheres demitem-se de fazer aquilo de que realmente gostam e até se sentem um pouco anuladas. Há uma solidão e um desencanto sobre isto do que é ser casado. Ela acaba por se sentir completamente atropelada pelo sucesso dele. Não porque tenha inveja, mas sim porque é deixada de parte e porque o que faz não é assim tão relevante. Acho que este tema continua a ser bastante pertinente, além de que o livro está maravilhosamente escrito. Adorei.” | Rita F.
O DESERTO DOS TÁRTAROS, de Dino Buzzati

“Um livro sobre a passagem do tempo, sobre a inércia, sobre deixarmos as coisas correrem sem agirmos. E também, um bocadinho ao estilo do Camus, sobre o absurdismo. Gostei do livro porque tem uma história simples — não básica, mas simples — com uma mensagem facilmente inteligível e porque tem um leque diminuto de personagens. A escrita de Buzzati é muito poética, muito filosófica e eu gosto quando um escritor ou escritora filosofam enquanto estão a contar uma história. Porém, por vezes a mensagem principal tornou-se repetitiva, gostaria que o autor tivesse desenvolvido um bocadinho mais.” | Gabriel M.
NADA A TEMER, de Julian Barnes

“Este livro trata um tema difícil e especial, mas que me interessa bastante: fala sobre a morte, sobre a forma como nós encaramos o fim da vida, da nossa, dos que nós amamos, como vivemos a perda das pessoas que nos rodeiam. Apesar do tema, que não é propriamente leve, é uma leitura extremamente agradável, acessível e apesar de ser muito filosófico não é maçador ou negativo. O autor dá-nos aqui muitas perspectivas, coloca muitas questões, faz-nos pensar e dá-nos um sentido diferente para o fim da vida. É acima de tudo um livro de esperança, que nos incentiva a viver a vida de uma forma diferente — visto que a morte é garantida, vamos viver melhor a vida.” | Regina B.
O FIO DA NAVALHA, de W. Somerset Maugham

“Larry decide romper com todas as convenções sociais do seu meio e da sua época e ir à procura de algo maior que ele, à procura do sentido da vida, do significado da frágil condição humana. E o que realmente admirei nele foi precisamente a coragem de romper com tudo, quando isso não foi bem aceite e foi doloroso, até. Foi o personagem que mais me marcou, também pela sua capacidade de ver o melhor nas pessoas. Foi isso que ele também tentou encontrar em si mesmo, o melhor de si. O fio da navalha é exatamente isso, aquele equilíbrio que é necessário a quem quer procurar a sua essência e esse equilíbrio tem sempre um preço.” | Paula S.
A GORDA, de Isabela Figueiredo

“Luísa é gorda e sofre esse estigma social, sofre bullying desde pequena e por isso condiciona as suas escolhas à partida: não escolhe as amizades, não escolhe os namoros e acaba por desenvolver um conjunto de relações tóxicas porque aceita tudo o que vida lhe dá. Acha que já é uma sorte aquilo que vida lhe dá porque é gorda. Consegue dar a volta profissionalmente, mas percebe-se que a personagem está sempre a esconder o seu verdadeiro potencial para não dar nas vistas. No fundo é a história de alguém que se deixa afetar pela sua condição física e todas as escolhas que faz são condicionadas por essa condição que a personagem acentua. Acaba por se proteger para não sofrer mais, mas na realidade nunca desfruta da vida.” | Rita P.
A MORTE DE IVAN ILIITCH, de Lev Tolstói

“Uma história banal, sobre uma pessoa que vive uma vida curta, tem uma morte precoce e quando está a morrer percebe que não se cumpriu enquanto ser humano, que teve uma vida estúpida e que perdeu uma oportunidade. Ivan Iliitch morre amargurado pela doença física e pela frustração. Fiquei profundamente comovida e frustrada por ele também e profundamente frustrada por todos os Ivan Iliich que andam por aí, que passam por esta vida em modo zombie, deixando-se levar pelas expectativas dos outros e por pressões sociais. Seria muito útil que este livro fosse mais vezes oferecido a pessoas mais novas.” | Sandra N.
Já leram algum destes livros? Gostaram ou ajudaram-vos de alguma forma? Ou ficaram com vontade de ler um que desconheciam? Partilhem os vossos pensamentos connosco, nos comentários.
Boas leituras!
Ola Sandra, de todos os livros mencionados neste post o único que li foi A Morte de Ivan Iliitch. Ao contrário do que aconteceu com a Sandra, este livro pouco me disse na altura em que o li (talvez esteja na altura de o reler 🙂 ). Quanto aos outros livros referidos, é sempre prazeroso perceber como tocam as vidas de outros leitores deixando neles uma marca. Obrigado.
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Oi, Sandra, ao contrário não li nenhum desses, mas confesso fiquei muito curiosa com dois deles: A morte de Ivan Ilietch e A revolta dos Tártaros pela temática apresentada. Sempre tenho interesse por livros qu discutema condição humana.
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Ei, desculpem, o título correto é O deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati.
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