O QUE APRENDI
“Portugal em Chamas – Como Resgatar as Florestas” é um concentrado potente de informação que eu desconhecia, por isso é-me algo complicado listar brevemente tudo o que aprendi. Optei, assim, por destacar o que mais me surpreendeu (para não dizer o que, por vezes, mais me chocou…).
Embora já o soubesse de alguma forma, porque o assunto é publicamente denunciado e debatido há muitos anos sempre que se aborda o facto de Portugal estar a ficar cada vez mais seco e árido, “Portugal em Chamas” convenceu-me que o poder detido pelo sector das celuloses em Portugal é um fator determinante no desastre em curso na “floresta” portuguesa e que as relações de promiscuidade entre altos dirigentes do Estado que seguem para esse mesmo sector das celuloses depois de terminada a sua carreira no serviço público contribui ainda mais para o atual estado das coisas.
E coloco a palavra floresta entre aspas por duas principais razões: 1º porque há cerca de mil anos as florestas naturais de Portugal tinham quase desaparecido, abatidas às mãos dos romanos, dos mouros e doutros povos que ocuparam o território; 2º porque em 2010 o eucalipto (espécie que os sucessivos governos se têm recusado terminantemente a classificar como invasora…) ultrapassou o pinheiro-bravo como primeira espécie florestal em área ocupada. Perante a atual predominância desta monocultura, que está na origem de um enorme deserto verde totalmente contrário à biodiversidade, terá Portugal de facto uma floresta? Eu fiquei convencida que não. E é urgente que este cenário mude!
O QUE TRANSPUS PARA A MINHA VIDA
Transpus para a minha vida um olhar renovado sobre a paisagem portuguesa e é com agonia que me apercebo que estamos sufocados em eucaliptais. Passei, também a estar mais atenta à informação sobre políticas/iniciativas de gestão da pouca verdadeira floresta que nos resta e a projetos de reflorestação. A emergência climática ocupa o topo das minhas preocupações. Se Portugal e os portugueses não forem capazes de mudar para melhor a nossa floresta, ficaremos particularmente vulneráveis a alterações globalmente dramáticas (que começarão por ser climáticas e abrangerão depois todas as áreas da nossa vida).
A QUEM RECOMENDO
“Portugal em Chamas – Como Resgatar as Florestas” é um livro acessível, porque o discurso é claro, sem rodeios e bem construído. Contudo, os aspetos científicos, técnicos e políticos inevitáveis podem tornar a digestão do texto mais lenta e exigir persistência aos leitores. É, por isso, um livro que recomendo primeiro a todos os que estejam profundamente interessados em saber mais sobre a complexidade da floresta portuguesa e em agir no sentido de protegê-la e/ou recuperá-la.