A utilização dos efeitos terapêuticos da leitura, nomeadamente de textos religiosos, remonta às civilizações egípcia, grega e romana. Na Idade Média as leituras da Bíblia acompanhavam o processo de cura nos hospitais e no Cairo eram proporcionadas leituras do Corão como método terapêutico suplementar. Há, também, informações de que o recurso ao poder terapêutico dos livros floresceu durante o período da Primeira Guerra Mundial, quando foram criadas bibliotecas nos hospitais de campanha. O mesmo voltou a acontecer no fim da Segunda Guerra Mundial: alguns médicos passaram a recomendar a leitura a veteranos que sofriam de stress pós-traumático para que relaxassem.
Foi precisamente nos alvores do século XX que o termo foi cunhado pelo norte-americano Samuel Crothers, num artigo publicado em 1916 onde se refere à Biblioterapia como uma nova ciência.
A palavra Biblioterapia é formada pela junção de dois elementos de origem grega — biblíon (livro) e therapeía (terapia) — e, de acordo com o Dicionário On-Line da Língua Portuguesa da Porto Editora, consiste literalmente no “tratamento de doenças através da leitura de livros”.
Esta é, no entanto, uma noção muito limitada do conceito de Biblioterapia que outros definem, de forma mais abrangente, como:
“Uma atividade com vertentes preventiva e terapêutica que, através da leitura de livros de ficção ou de auto ajuda, individualmente ou em grupo, tem o propósito de facultar uma experiência de restabelecimento da saúde, ou permitir um contínuo desenvolvimento, em qualquer idade” (Biblioterapia, o estado da questão, 2013);
ou
“O recurso a materiais de leitura selecionados como auxiliares terapêuticos em medicina e psiquiatria; orientação na resolução de problemas pessoais através de leituras orientadas” (Merriam Webster Dictionary);
ou ainda
“Um processo de interacção dinâmica entre a personalidade do leitor e a literatura — uma interacção que pode ser usada para avaliação de personalidades, ajustamento e crescimento (Shrodes, 1950).
De forma muito mais simples, pode afirmar-se que a Biblioterapia é um método facilitador do desenvolvimento pessoal e da resolução de problemas através dos livros (Phersson e McMillen, 2006).
Fontes:
“Biblioterapia: síntese das modalidades terapêuticas utilizadas pelo profissional“, de Maria Cristina Palhares Valencia e Michelle Cristina Magalhães, Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 29, n.1, 2015.
“Biblioterapia: o estado da questão”, de Ana Cristina Abreu, Maria Ángeles Zulueta e Anabela Henriques, Cadernos BAD ½ (2012/2013), página 95 a 111.
“Competent Bibliotherapy: preparing Counselors to use literature with culturally diverse clients“, Pehrsson, D.E e McMillen, P. (2006), página 1.
“Bibliotherapy: a theoretical and clinical-experimental study” (Tese de Doutoramento pela Universidade da Califórnia, Berkeley), Shrodes, C. (1950), página 165.