50 pequenos bons livros

50 Pequenos bons livros

A maior parte das pessoas que lamenta profundamente não ler mais argumenta, com ar muito pesaroso, que não tem tempo. Admito que em casos pontuais a tarefa seja mesmo impossível, mas estou convencida que todos os outros não lêem porque não querem.

Como em tudo na vida, quando queremos muito fazer alguma coisa arranjamos tempo. Portanto, se ler é mesmo uma prioridade a falta de tempo não pode ser argumento. Desligam-se os telemóveis, os computadores, os tablets ou a televisão, leva-se um livro para todo o lado e aproveita-se cada intervalo ou fila de espera, marca-se uma hora na agenda se for preciso e lê-se.

A par da falta de tempo também ouço muitas vezes observações acerca da suposta falta de paciência para livros grandes. Há gente que diz perder-se no enredo e no número de personagens, queixa-se que a acção não avança ou esquece-se do que leu nos capítulos anteriores.

Naturalmente, os livros não se medem aos palmos. É possível consumir com voracidade um calhamaço de oitocentas páginas e demorar uma eternidade a digerir um ensaio filosófico hermético com apenas oitenta. Contudo, aos que se queixam do tamanho excessivo dos livros e da falta de tempo para ler, dou por mim a recomendar com frequência pequenas obras.

Tenho um fraco por pequenos bons livros. Chamo-lhes “pérolas”. Gosto de andar com eles nas carteiras com que saio de casa, aprecio a forma como encaixam na palma de uma única mão e emociona-me a capacidade de se escrever tão bem — alguns são obras-primas — em tão poucas páginas.

Inspirada pelas listas de leituras para anglófonos que abundam na net, ocorreu-me seleccionar uns quantos livros, dos muitos que tenho em casa, para inspirar a ler mais. Os títulos que se seguem têm duzentas páginas ou menos, li-os todos e recomendo-os:

  1. A Casa de Papel, de Carlos María Domínguez, Edições ASA, 78 páginas
  2. A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, Dom Quixote, 167 páginas
  3. A Herança de Eszter, de Sándor Márai, Dom Quixote, 150 páginas
  4. À Lareira, nos Fundos da Casa onde o Retorta tem o Café, de Manuel da Fonseca, Círculo de Leitores, 142 páginas
  5. A Montanha da Água Lilás, de Pepetela, BIS, 160 páginas
  6. A Pérola, de John Steibeck, Livros do Brasil, 109 páginas
  7. A Última Amante de Hachiko, de Banana Yoshimoto, Cavalo de Ferro, 97 páginas
  8. A Vida Inútil de José Homem, de Marlene Ferraz, Gradiva, 172 páginas
  9. Adeus, Tsugumi, de Banana Yoshimoto, Cavalo de Ferro, 159 páginas
  10. As Rosas de Atacama, de Luis Sepúlveda, Porto Editora 144 páginas
  11. As Velas Ardem Até ao Fim, de Sándor Márai, Dom Quixote, 153 páginas
  12. Como Um Romance, de Daniel Pennac, Edições ASA, 166 páginas
  13. Contos Orientais, de Marguerite Yourcenar, D. Quixote, 158 páginas
  14. Crónica de Uma Morte Anunciada, de Gabriel García Márquez, Dom Quixote, 136 páginas
  15. Crónica do Rei Pasmado, de Gonzalo Torrente Ballester, Caminho, 181 páginas
  16. Guardador de Almas, de Rui Vieira, Ambar, 126 páginas
  17. História de uma Gaivota e de um Gato que a Ensinou a Voar, de Luis Sepúlveda, Porto Editora, 144 páginas
  18. História Universal da Infâmia, de Jorge Luis Borges, Quetzal, 104 páginas
  19. Indignai-vos!, de Stéphane Hessel, Objectiva, 51 páginas
  20. Mar, de Afonso Cruz, Alfaguara, 179 páginas
  21. Memória das Minhas Putas Tristes, de Gabriel García Márquez, Dom Quixote, 114 páginas
  22. Morder-te o coração, de Patrícia Reis, Booket, 139 páginas
  23. Morreste-me, de José Luís Peixoto, Quetzal, 60 páginas
  24. Na Ausência de Blanca, de António Muñoz Molina, Editorial Notícias, 88 páginas
  25. No teu Deserto, de Miguel Sousa Tavares, Oficina do Livro, 125 páginas
  26. Novelas Eróticas, de Manuel Teixeira Gomes, Relógio d’Água, 112 páginas
  27. O Amante, de Marguerite Duras, Edições ASA, 126 páginas
  28. O Banqueiro Anarquista, de Fernando Pessoa, elógio d’Água, 88 páginas
  29. O Engenho, de Reinaldo Arenas, Antígona, 116 páginas
  30. O Estrangeiro, de Albert Camus, Livros do Brasil, 130 páginas
  31. O Grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald, Editorial Presença, 174 páginas
  32. O Lázaro do Porto, de Cristina Norton, Temas & Debates, 115 páginas
  33. O Leitor, de Bernard Schlink, Edições ASA, 144 páginas
  34. O Mar, de John Banville, Sextante Editora, 200 páginas
  35. O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry, Assírio & Alvim, 96 páginas
  36. O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne, Edições ASA, 176 páginas
  37. O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, de Germano Almeida, BIS, 151 páginas
  38. O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway, Livros do Brasil, 108 páginas
  39. O Velho que Lia Romances de Amor, de Luis Sepúlveda, Porto Editora, 128 páginas
  40. O Vice-Rei de Ajudá, de Bruce Charwin, Quetzal, 143 páginas
  41. Os Melhores Contos Zen, Teorema, 120 páginas
  42. Os níveis da Vida, de Julian Barnes, Quetzal, 112 páginas
  43. Patagónia Express, Luis Sepúlveda, Porto Edirora, 160 páginas
  44. Pedro Páramo, de Juan Rulfo, Cavalo de Ferro, 117 páginas
  45. Pobby e Dingan, de Ben Rice, Dom Quixote, 77 páginas
  46. Se Isto é um Homem, de Primo levi, Teorema, 183 páginas
  47. Siddhartha, de Herman Hesse, 153 páginas
  48. Temor e Tremor, de Amélie Nothomb, Edições ASA, 120 páginas
  49. Transa Atlântica, de Mónica Marques, Quetzal, 185 páginas
  50. Travessia de Verão, de Truman Capote, BIS, 122 páginas

Boas leituras!

4 thoughts on “50 pequenos bons livros

      1. Gostaria de saber gentileza, qual o numero minimo de paginas devera ter um livro para ser considerado como ROMANCE?
        Muito grato.

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